Na manhã desta segunda-feira (14/10), a Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou a Operação Verum, com o objetivo de prender quatro pessoas envolvidas no escândalo dos transplantes de órgãos contaminados com HIV. Entre os detidos está Walter Vieira, sócio e responsável técnico do laboratório PCS Lab Saleme, apontado como o responsável pelos laudos que resultaram na contaminação de pelo menos seis pacientes. Vieira, que também é médico ginecologista, assinou um dos laudos falsos, indicando erroneamente que os órgãos estavam livres do vírus.
De acordo com a Polícia Civil, os laudos falsificados foram usados pelas equipes médicas, que, sem saber, realizaram transplantes com órgãos infectados. “As investigações indicam que os laudos, falsificados por um grupo criminoso, foram utilizados pelas equipes médicas, induzindo-as ao erro, o que levou à contaminação dos pacientes. Um dos pacientes veio a falecer, com as causas da morte ainda sob investigação”, afirmou a corporação em nota.
Transplantes com órgãos infectados por HIV A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) confirmou seis casos de pacientes que receberam órgãos contaminados com HIV. O Ministério Público e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também estão investigando o caso, após exames dos doadores apresentarem falsos negativos para o vírus. A situação foi descoberta em 10 de setembro, quando um dos pacientes transplantados desenvolveu sintomas neurológicos e, após exames, foi diagnosticado com HIV, mesmo não sendo portador do vírus antes da cirurgia.
Outras amostras dos órgãos doados pela mesma pessoa foram analisadas e confirmaram mais dois casos de contaminação. A Anvisa, ao investigar o laboratório responsável pelos exames, descobriu que o PCS Lab Saleme não possuía os kits adequados para a realização dos testes de HIV. Além disso, a unidade não apresentou documentos que comprovassem a aquisição dos insumos necessários para a realização dos exames, levantando a suspeita de que os resultados foram forjados.
Desdobramentos e novas prisões A Polícia Civil do Rio de Janeiro continua investigando se o laboratório falsificou laudos em outros casos além dos transplantes. “Diversas diligências complementares estão sendo realizadas para identificar toda a cadeia de profissionais envolvidos nesse esquema criminoso, e todos serão prontamente responsabilizados na medida de sua respectiva culpabilidade”, detalhou a corporação.
Os envolvidos no caso estão sendo investigados por crimes como falsidade ideológica, falsificação de documentos, associação criminosa e infração sanitária. Além disso, o governo do estado anunciou a criação de uma comissão multidisciplinar para apoiar os pacientes afetados, prestando suporte médico e psicológico a eles e suas famílias.
O laboratório PCS Lab, em nota, informou que abriu uma sindicância interna para apurar as responsabilidades e afirmou que seguiu os protocolos recomendados pela Anvisa. A empresa ainda declarou que está colaborando com as autoridades e que dará suporte integral às vítimas.
A Operação Verum continua em andamento, e novas prisões não estão descartadas.