Pastor causa polêmica ao associar autismo a ‘espírito maligno’ durante culto, vídeo

O pastor Pio de Carvalho, líder da igreja Comunhão Cristã Abba, localizada em Curitiba, Paraná, gerou intensa polêmica nas redes sociais ao associar o transtorno do espectro autista (TEA) a um “espírito maligno” durante um culto. A declaração foi feita em meio a uma transmissão ao vivo pela internet, gerando indignação entre internautas e especialistas da área de saúde mental e educação.

Durante o culto, Pio relatou uma conversa que teve com um profissional da educação, que trabalha com crianças com necessidades especiais. Ele aborda o diálogo para ilustrar sua visão sobre questões específicas. “Ela olhou pra mim e disse ‘eu tenho 29 alunos na minha turma, 29 crianças. Inclusive, pastor, sugiro que a igreja tenha uma aula para essas crianças’. Eu, ouvindo ela, disse assim: ‘posso dar uma sugestão? Na medida em que essas crianças foram entrando na sua salinha, passe um óleo na cabeça delas e diga eu te abençoo, em nome de Espírito maligno, sai dele agora em nome de Jesus’”, afirmou o pastor, demonstrando que o autismo poderia. ser tratado como uma questão espiritual.

Repercussão negativa e representação

A declaração de Pio de Carvalho foi rapidamente entregue, gerando críticas tanto por parte de pais e familiares de crianças com autismo quanto de profissionais especializados. Muitos consideraram as falas do pastor preconceituosas e desinformadas, alegando que elas desrespeitam a condição e o sofrimento das pessoas que convivem com o TEA.

Diante da grande repercussão negativa, o pastor divulgou uma nota pública para se retratar. Em sua mensagem, Pio admitiu não ter formação médica ou psicológica e afirmou que sua intenção não era discriminar ou desrespeitar pessoas com autismo. Segundo ele, seu objetivo era abordar o que ele acredita serem “opressões de natureza espiritual” que, em sua visão religiosa, afetam muitas famílias e crianças. “Meu objetivo na referida palestra foi, unicamente, destacar que muitas de nossas crianças e famílias sofrem intensamente sob opressões que, em minha perspectiva espiritual, são de natureza maligna”, esclareceu o pastor.

Na nota, Pio de Carvalho pediu desculpas pelo mal-entendido e reforçou que sua sugestão era de que o apoio espiritual, através de orações, poderia complementar o tratamento clínico e o acompanhamento de profissionais especializados. “Acredito que essa prática pode contribuir para resistir ao mal e a aliviar dor de muitas famílias e crianças”, acrescentou.

Debate sobre religião e saúde mental

O incidente reacendeu debates sobre os limites entre a fé religiosa e a ciência, especialmente no que diz respeito às condições como o autismo, que são amplamente estudados e estudados por profissionais da saúde como questões neurológicas e não espirituais. Os especialistas defendem que o apoio espiritual pode ser uma fonte de conforto para muitas famílias, mas é essencial que os tratamentos médicos baseados em evidências científicas sejam respeitados e seguidos.

A controvérsia em torno das declarações do pastor Pio de Carvalho reforça a necessidade de uma discussão mais ampla sobre a importância do conhecimento científico em temas de saúde, especialmente em ambientes religiosos, para evitar a propagação de desinformação que possa prejudicar ainda mais o bem-estar de famílias que já enfrentam desafios complexos. Veja o vídeo:

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