O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, representa uma das principais causas de morte e incapacitação no mundo. O AVC ocorre quando o fluxo sanguíneo para uma parte do cérebro é interrompido, causando danos neurológicos que podem resultar em sequelas permanentes ou até mesmo em morte. Embora a condição exija atenção imediata, muitos pacientes apresentam sinais de alerta horas ou dias antes do evento definitivo. Reconhecer esses sinais precocemente é fundamental para minimizar as consequências.
Sinais Precursores do AVC
Dor de Cabeça
Um dos principais sinais de alerta para o AVC hemorrágico, que ocorre quando um aneurisma cerebral se rompe, é a dor de cabeça intensa e súbita. Segundo o neurocirurgião vascular Eduardo Waihrich, do Instituto do Coração de Taguatinga, a dor pode ser “de alta intensidade e surgir de forma repentina, aparecendo entre sete e dez dias antes do rompimento do aneurisma”. Um estudo de 2020 publicado no The Journal of Headache and Pain revelou que 14,7% dos pacientes com AVC isquêmico relataram pelo menos uma dor de cabeça na semana anterior ao AVC, incluindo cefaleias tensionais e enxaquecas.
Ataque Isquêmico Transitório (AIT)
Conhecido como “mini-AVC”, o AIT ocorre quando um coágulo bloqueia temporariamente o fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral. Os sintomas incluem dificuldade de fala, perda de visão em um dos olhos e fraqueza em um dos lados do corpo. O neurologista Maciel Pontes, do Hospital de Base do Distrito Federal, alerta que “estes sinais, que duram apenas alguns minutos, são importantes alertas, pois indicam um risco elevado de AVC nas próximas horas ou dias”. Cerca de 30% dos casos de AVC isquêmico são precedidos por um AIT.
Outros Sintomas
Além da dor de cabeça e do AIT, é importante estar atento a outros sinais como:
Dificuldade de compreensão
Desorientação súbita
Perda de equilíbrio
Alterações repentinas de comportamento ou confusão
Esses sintomas podem indicar alterações neurológicas e devem ser tratados com seriedade.
Reconhecendo o AVC Rápido
O cardiologista Rafael Côrtes, do Hospital Santa Lúcia em Brasília, recomenda a utilização da sigla “SAMU” para ajudar a reconhecer os sinais de AVC de forma simples:
S (Sorriso): Peça à pessoa para sorrir e observe se um dos lados do rosto parece caído ou assimétrico.
A (Abraço): Peça para levantar os dois braços; se um deles cair ou apresentar fraqueza, é um sinal de alerta.
M (Música): Solicite que a pessoa diga uma frase ou cante uma música; preste atenção se a fala está confusa ou difícil de entender.
U (Urgente): Em caso de qualquer um dos sintomas, ligue imediatamente para o SAMU (192). O atendimento rápido é crucial para salvar vidas e reduzir sequelas.
Compreendendo o AVC
O AVC é classificado em dois tipos principais: isquêmico, resultante do bloqueio de uma artéria, e hemorrágico, que é causado por um sangramento cerebral. Os fatores de risco incluem doenças vasculares e cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado, tabagismo e sedentarismo. Waihrich observa que “esses fatores se acumulam ao longo da vida, aumentando as chances de ter um acidente com o passar dos anos”. É importante lembrar que, embora o AVC seja mais frequente em pessoas acima de 55 anos, pode ocorrer em qualquer idade, especialmente entre aqueles com fatores de risco.
Hábitos para Reduzir o Risco de Derrame
Alimentação saudável: Reduzir a ingestão de alimentos ricos em gorduras saturadas e trans, além de controlar o consumo de sal.
Prática regular de exercícios físicos: Ajuda a controlar o peso, reduzir a pressão arterial e melhorar os níveis de glicose e colesterol.
Abandonar o tabagismo: Parar de fumar é essencial, pois o tabagismo danifica as artérias e aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
Moderação no consumo de álcool: O uso excessivo de bebidas alcoólicas pode elevar a pressão e prejudicar a saúde vascular.
Acompanhamento médico regular: Consultas periódicas são fundamentais para controlar fatores como pressão alta, diabetes e colesterol, além de detectar problemas precoces nos vasos sanguíneos.
Estar ciente dos sinais de alerta do AVC e adotar hábitos saudáveis são passos fundamentais na prevenção dessa condição que pode ser devastadora. O conhecimento é a melhor ferramenta para proteger a saúde cerebral e garantir uma vida mais longa e saudável.