A partir de hoje, a Caixa Econômica Federal implementa novas exigências para quem deseja financiar um imóvel, impactando diretamente aqueles que planejavam a compra da casa própria ainda neste final de ano. As mudanças envolvem um aumento significativo na entrada inicial exigida e afetam principalmente as modalidades de amortização.
Para clientes que optarem pelo sistema de amortização constante (SAC) – em que as parcelas diminuem ao longo do tempo – o valor da entrada passará de 20% para 30% do imóvel. Já para quem escolher o sistema Price, onde as parcelas são fixas, a entrada necessária subiu de 30% para 50%. Segundo a Caixa, a decisão visa garantir a sustentabilidade da linha de crédito em meio à atual falta de recursos, especialmente da caderneta de poupança e das Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
Além disso, outra exigência importante é que o financiamento só será concedido a clientes que não possuam outro contrato habitacional ativo com a Caixa, uma medida que busca otimizar a distribuição dos recursos.
Mudanças nos limites de financiamento e justificativas
Para reforçar essa política de contenção, o valor máximo de avaliação dos imóveis financiáveis pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) foi unificado em R$ 1,5 milhão em todas as modalidades, visando reduzir a demanda por financiamentos de valores elevados. Esta mudança não afeta o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que já tinha essa limitação, mas passa a restringir as operações no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que antes não tinha teto para o valor dos imóveis.
A justificativa para essas medidas, segundo a instituição, é a escassez de recursos da poupança e as condições desfavoráveis para emissão de LCIs, que são as duas principais fontes de financiamento habitacional. Em setembro, a caderneta de poupança registrou seu maior volume de saques líquidos do ano, com retiradas líquidas de R$ 7,1 bilhões, pressionando ainda mais a capacidade de financiamento da Caixa.
Expectativas para 2025
As mudanças adotadas pela Caixa são consideradas temporárias, e há expectativa de que, se houver uma recuperação na captação de recursos, algumas dessas condições possam ser revisadas em 2025. O banco indica que, no caso da modalidade SAC, as exigências de entrada podem retornar aos 20% anteriores no início do próximo ano, caso o cenário econômico melhore. No entanto, a flexibilização para a tabela Price é mais incerta, devido à forma como o banco recupera o valor investido.
Com a Caixa detendo cerca de 70% do financiamento imobiliário no país, essas mudanças devem ter impacto relevante no mercado, forçando muitos compradores a reavaliarem seu planejamento financeiro.